segunda-feira, 15 de março de 2010

Escrever

Escrever é viver outra vida.
Todo aquele que tem o dom para a escrita é um sortudo azarado.
Que desgraça é quando as duas ou cinco vidas que ele tem dão errado, dão todas errado!

Escrever, amigo.
Eu escrevo porque sinto perder os sonhos.
Não sou tão boa quanto Pessoa, Quintana ou Lispector – até porque esses eram bons demais.

Eu escrevo porque me sinto fantasma.
Dizem precisar de mim, mas talvez ninguém precise realmente.
Eu sou completamente dispensável – e é nisso que tenho me concentrado ultimamente.
Tenho sono – e só sono – e durmo sem esforços e como sem esforços e subo e desço escadas sem maiores problemas.

Tenho feito como a dama européia cansada das nuances da corte:
Fecho os olhos e espero o cavalheiro me conduzir no salão.
(Sendo o cavalheiro ninguém mais ninguém menos que a Vida personificada).
E assim tem sido.
E assim continuará sendo.
Se alguém reconhecer meu talento algum dia, já estará bom. Também não faço questão de estar viva até lá se não reconhecerem antes.

Não, não faço questão de nada!
Se quiseres servir o jantar mais cedo na data do meu próprio aniversário
Para que não se atrase, que sirva!
Sou gente, não empecilho no caminho dos outros.

Se me perguntares “vais bem?”, como perguntas aos seres humanos, não aos empecilhos no seu caminho,
Eu respondo que “sim” ou que “não” ou que “não sei”, que se soubesse eu dizia.
Mas como disso eu não sei – e há muitas coisas que eu não sei –, eu digo que não sei e ponto final.
Há sim como não se saber o estado das coisas, inclusive de si próprio!
Eu bato o pé nisso, embora as pessoas não entendam...

2 comentários:

  1. 'Escrever é viver outra vida.'
    É como eu me sinto. x)

    Lindo demais, guria. Aliás, li os posts ali em baixo, também, só achei desnecessário comentar um por um. Ia dizer que os teus textos são tristes, mas talvez seja porque eles são muito bonitos. Lembra do que conversamos aquele dia? Que tudo que é muito bonito é triste, e vice-versa... x)

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