sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Cotidiano

uma triste consciência do meu estado.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Literatura Contemporânea

Ela seduz com quatro ou cinco linhas no máximo, sem nem perceber.
Sem cor, sem cheiro, sem som.

Você pisca e já gosta.

Externo

Minha alma, finalmente liberta do corpo - obrigação terrena -, foi passear co' a tua no canteiro de flores no meio da avenida.

Em reforma

Por fora, um edifício imponente.
Por dentro, uma estrutura decadente.

O problema é que...

eu gosto da idéia da danação eterna. Faz-me pensar que já não importa o que eu faço: deus me ama menos que Jesus, seu filho predileto.
Amor, um sadismo milenar.
O erro é o fundamento da humanidade.
Amor só se explica como erro de percurso.
Honra: água do ego.

Lição do Ponto de Ônibus

Não é porque o sol não foi encoberto que não vai chover.
Acima de todas as suspeitas, estou triste porque sou triste.

Do uso dos anticoncepcionais

Um filho protelado não é um filho abortado.

Adeus sem despedida

Nosso amor que não foi: um filho abortado.

Dos cemitérios

Esse é o propósito de ir a um cemitério, meu amigo. O mundo dos vivos não vai te perguntar porque está chorando. O mundo dos mortos não vai espalhar que não é por ele que tu choras.

A Minha Palavra

E no terceiro
dia ressuscitarei
como se nada
tivesse
acontecido.

Do estilo

Um estilo conciso e àspero
De sentimentalismos abstratos.

Um estilo das engrenagens,
Dos estampidos das armas.

Foi esse estilo com o qual sonhei
Barulhento em todo seu silêncio,
Enquanto sou silenciosa em meio ao barulho que me transpassa.

Amor sem Fronteiras

Conhecer-te é uma hecatombe dos sentidos. É estar firme e intimamente conectada a tua pele, impregnada de ternura e malícia. Conhecer-te é ato sacro que vicia.
Serás eternamente a criança que quer brincar de roda. (...) No teu girar há náusea e prazer. No teu girar há vida pra ser degustada.
A idéia de que durante esse giro nos fundamos e passemos a integrar o mesmo ser, passamos a ser componentes essenciais da mesma constituição básica molecular nos assusta e nos põe peito contra peito, alma contra alma. Duas crianças admiradas, espantadas com a falta de fronteiras entre todo o seu mais íntimo ser.
Olhamo-nos no espelho, com nossas fissuras, nossas partes faltantes. E sobre os nossos ombros residiu a promessa: "não me magoe".

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Oscar Falsificado

E esse vai para a parte da minha alma que já não encontro mais!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vitória de Pirro

Uma conquista sem brilho,
Um sonho sem luz.

Mais uma dessas...

Tormenta

De tudo, só não me peça pra fazer sentido completo
Enquanto a confusão se instaura.

Meus caminhos são tortuosos,
Minhas razões são inescrutáveis,
Minha fortaleza é insondável.

O mar está por dentro
Dos meus olhos.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Quando você sabe que não vai durar.

Um belo dia - por algum motivo
é sempre dia claro nesses casos -
você abre a janela ou um pote

de pêssegos em calda, ou mesmo um livro
que nunca há de ser lido até o fim
e então a idéia irrompe, clara e nítida:

é necessário? Não. Será possível?
De modo algum. Ao menos dá prazer?
E será prazer essa exigência cega

a latejar na mente o tempo todo?
Então, por quê?
(E nesse exato instante você por fim entende, e refestala-se

a valer nessa poltrona, a mais cômoda
da casa, e pensa sem rancor:
perdi o dia, mas ganhei o mundo.

Mesmo que seja por trinta segundos.)

Amigos

Se tudo correr bem, também a tua derrota vai ser de bom tamanho. Conta comigo.

Messias forasteiro

O mundo é teu. Toma aí, pode pegar. Entra, a gente não morde.
(...)
E então? É pra viagem ou vai comer aqui mesmo?

Surreal

Estás sentada à janela
Ou a beira do abismo.

Aguarda definição impaciente
Enquanto deixa estar, deixa sorrir.

Naufrágio

Olhos de mar que ardem do sal que contêm,
Quando voltarás ao continente?

Olhos que abarcam um desafio maior,
Toda a ânsia da sua vida pregressa veleja em alto-mar.
Não há peixe que não se incomode
Com sua passagem ousada, intrépida,
Mas destinada ao eterno morrer na praia.

Olhos de sangue que ferve,
Diz-me ao ouvido:
quem tu odeias?
O ódio liberta.