Virás comigo, eu disse,
para que eu coloque seu
coração em brasa.
O brilho dos teus olhos treme
como o músculo das pernas.
Paralise-lise-lise-se,
que venho para a tortura.
Que te ponho em mangas de camisa
e desafio-te agora.
Decifra-me ou devoro-te.
Devoro-te.
Vem das entranhas o meu desejo
que é maior que tudo
e me engole.
Sou agente dele,
saio de mim
Sofro com teu perfume,
que aspiro como fera.
Agora, decifra-me.
sábado, 21 de setembro de 2013
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
A Corte
No meio da Corte, quem vemos?
Um rei nu e um bobo insano.
O rei pensa que está vestido
E o bobo acha que tem um plano.
Não sabem que o povo faz troça
E sem trégua riem do rei.
O bobo quer enganar com truque:
Em um golpe diz quebrar a Lei.
Quando o rei cai, todos levantam
Ficam ao redor, tampam suas "partes"
Só não é mais ridículo que o louco
Que, ignorado, comete suas artes.
De seu próprio circo, é o palhaço
E manco, cai e faz estardalhaço
Quer que levem a sério sua piada
Mas tropeça com a própria cilada.
A majestade tanto se faz presente,
Mas diz "brioches" a quem não come.
O Eleito, perfeito!, Rei Sol: à guilhotina!
Porque quer brilhar falsamente.
E na tragédia da vida comum
O tipo médio é só mais um:
Não corre à procura de glórias,
Não quer tradição e vitórias.
Carrega consigo a maior responsabilidade
Não conhecida por majestade ou bufão:
No trabalho oculto forja o espírito forte
Que pode, um dia, fazer a revolução.
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Athena
Como deve ter custado a Zeus
aquele parto...
A ideia em mim se debate
E no debate morre.
Se contorce e se curva, turva,
Mas a curva é longa.
Como é valiosa
A idéia que sai de ti e cria pernas.
Por ela, abria mesmo a cabeça
com um machado.
Quantos arrepios causa
imaginar uma ideia natimorta!
É como espreitar o precipício vazio
O abismo insondável
Do papel em branco.
aquele parto...
A ideia em mim se debate
E no debate morre.
Se contorce e se curva, turva,
Mas a curva é longa.
Como é valiosa
A idéia que sai de ti e cria pernas.
Por ela, abria mesmo a cabeça
com um machado.
Quantos arrepios causa
imaginar uma ideia natimorta!
É como espreitar o precipício vazio
O abismo insondável
Do papel em branco.
quarta-feira, 31 de julho de 2013
Zona Neutra
Bem-vindx a zona neutra,
onde as pessoas não são,
onde os sonhos não se concretizam
e as músicas não soam,
em meio ao motor dos carros.
Aqui, onde o tempo não passa,
você está sempre atrasadx.
Aqui, onde os olhos não vêem,
suas palavras não chegam.
Bem-vindx ao reino do impossível,
onde seus lábios intocados
são enterrados
a sete palmos
E tudo é perfeito.
você está sempre atrasadx.
Aqui, onde os olhos não vêem,
suas palavras não chegam.
Bem-vindx ao reino do impossível,
onde seus lábios intocados
são enterrados
a sete palmos
E tudo é perfeito.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
tarde
meu cérebro estava encolhendo,
colando em um dos lados da caixa craniana,
sendo chupado de canudinho,
derretendo e se tornando uma goma
asquerosa.
a isso chamavam de vida acadêmica.
noites sem dormir,
conteúdo triturado
descafeinado
mal-aprendido
e absorvido com
ácido sulfúrico.
e olhar para a vida
por detrás de um vidro
translúcido
opaco
tomar um doppio
pedir mais outro
implorar pelo ópio
e mais
e mais
gastrite
e esquecer que o ser humano é feito também de sentimento.
colando em um dos lados da caixa craniana,
sendo chupado de canudinho,
derretendo e se tornando uma goma
asquerosa.
a isso chamavam de vida acadêmica.
noites sem dormir,
conteúdo triturado
descafeinado
mal-aprendido
e absorvido com
ácido sulfúrico.
e olhar para a vida
por detrás de um vidro
translúcido
opaco
tomar um doppio
pedir mais outro
implorar pelo ópio
e mais
e mais
gastrite
e esquecer que o ser humano é feito também de sentimento.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Para a vossa letargia
um momento sensível de silêncio
possam meus olhos tornarem-se fortalezas intransponíveis
e com uma calma paralisante você vir comigo
para um reino no qual se dança em silêncio mas com ritmo próprio
a agitação se despede de meu corpo com uma última chacoalhada
como um corte, profundo, à navalha
para um novo mundo de sangria descontrolada
para o seu desespero
possam meus olhos tornarem-se fortalezas intransponíveis
e com uma calma paralisante você vir comigo
para um reino no qual se dança em silêncio mas com ritmo próprio
a agitação se despede de meu corpo com uma última chacoalhada
como um corte, profundo, à navalha
para um novo mundo de sangria descontrolada
para o seu desespero
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