segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Princípio da Incerteza

Ora essa! Basta estar a salvo para surgir o "talvez...".

Revolução

Um novo conceito de diferente abordagem ligado a um ato de soberania pessoal.

Amoral

Não há deus que não seja suplantado pela falta de caráter.

Convencional

O que é a vida, se não uma mera convenção do tempo - espaço entre nascer e morrer?
E o que é o tempo, se não uma mera convenção dos vivos?

Como decidir o futuro nas optativas

Ou uma palmeira pode cair na sua cabeça qualquer dia desses... E quem vai dizer que não foi 'Deus'?

Judas

Tens corrido o mundo, mas não encontrar-se-á.

Meu pequeno leãozinho

(...)
E esses filés eram as carnes de segunda que a vida te dava.
Não, não eram as partes mais nobres de nossas vidas.

(...)

Incinerador

Matéria morta, retorcida.
Queimar é transfigurar algo de seu potencial real de existência.

Siga em frente.
Ganhara um diário. A menina alimentara, então, o desejo insaciável de preencher aquelas páginas, que marcavam com sua escrita forte e corrida como um trotar a cavalo no quente medio-dia.
Ah, céus, ela só queria completar os seus dias.

Tinteiro

Meu querido cosmopolita, esse dom da caneta vem acompanhado de muitos "poréns" e orações subordinadas, senão o ponto final em si.

Ousa - Discurso de Formatura (Feras 2010)

Desejo boa noite aos professores, aos meus colegas e aos seus familiares e amigos. Hoje é uma noite de comemoração. É o momento em que ocorre a efêmera intersecção entre dois ciclos. Ciclos que não são opostos, são complementares. Nossas caminhadas, únicas por si só, se encontram nessa cerimônia para algo que fará parte da vida de todos nós, feras. Somos quinhentos! Não são times de futebol que nos unem, nem posicionamentos políticos ou bandas. Estamos aqui porque, mesmo que um dia nossas vidas se separem, todos nós, sem exceção, nos transformamos.
Senhoras e senhores, permitam-me uma metáfora. Escolham um entre todos os bebês que devem ter nascido neste exato momento. A primeira coisa que ele certamente fez foi chorar. Chorar porque, pela primeira vez em sua curta e suave existência, o ar preencheu seus pulmões. A consciência nos é dada: eis o “sopro da vida”. E, mesmo não nos lembrando mais disso, aprendemos com esse choro que nos acostumamos às adversidades da vida em pouco tempo. Segundo Sartre, a existência precede a essência. Se for assim, o choro foi só a primeira das transformações que teríamos para ser o que somos hoje.
E o que é o terceirão se não esse choro? Sartre, em sua obra O Existencialismo é um humanismo, propõe que o homem está condenado a ser livre. Sim, estamos. E essa liberdade nos traz responsabilidades, compromissos. Nossos próprios professores, por exemplo, nunca nos deixaram esquecer de que na hora da prova não tem pai, nem mãe, nem vale transporte. Ensinaram-nos que nessa hora não podemos perder a calma, do contrário, estaremos abandonando ao que construímos, tijolo a tijolo. Também é fundamental para o uso correto da liberdade o apoio da família – que nos carregou nos braços pela longa infância humana e nos construiu com cada lição.
O que falar dos amigos, então? Há aquilo que sabemos sem que sejam necessárias palavras! Eles não têm limites para o que podem fazer por nós. Dedico-lhes uma breve citação cujo autor me é desconhecido: “eu suportaria, não sem dor, que os meus amores partissem, mas enlouqueceria se os meus amigos morressem”. É a eles que eu aconselho que chorem caso estejam verdadeiramente emocionados. Chorem muito. Essa será uma daquelas poucas oportunidades para chorar como uma criança e ser recebido nos braços de seus familiares como se todos aqui tivessem nascido de novo. Purificados por esse ritual de passagem que é a formatura. Fortalecidos e unidos para o que está por vir, porque, apesar de tudo, não há condenação melhor que ser livre.
O que passamos foi uma jornada de autoconhecimento, ainda que ao acaso, no microcosmo de 10 meses de existência que é o terceirão. Os professores sabem que ele sempre se desorganiza e volta no ano seguinte, com personagens novos. Mas o que nós vivemos vai sempre nos parecer incomparável, original. Não bastou nos atirar com afinco ao trabalho. Há um momento no qual parece não haver mais forças. Estávamos cansados. Talvez nem sempre estivéssemos preparados para o jeito como o tempo passou. Nossa paciência, nossa resistência e quem sabe até mesmo nossa ambição foram testadas nas aulas com as quais não tínhamos a menor afinidade. Usamos obrigatoriamente da liberdade e observamos, então, que se fez necessário algo mais que conhecimento. Algo que não se encontra em apostilas por aí. Algo que agora sabemos que conquistamos para nós. E para tal não adiantou ser uma pessoa positiva ou achar que tinha o dom. Tinha que ser aluno BOM. E é por isso que enquanto eles têm número, nós temos performance e não saímos do Bom Jesus só futuros senhores mestres ou doutores. Não foi só um ano de vocações despertadas. Nós aprendemos sobre o mundo ao nosso redor, dentro de uma sala de aula, sem nos dar conta de que o que aprendíamos era sobre nós mesmos. Sobre o nosso país, sobre o nosso corpo, sobre o nosso cotidiano, sobre como nos expressávamos. E não é mesmo que tudo isso valeu para o “prosseguimento da nossa carreira estudantil”?
Essa lição eu aprendi olhando para aqueles quadros com as fotos das formaturas dos anos passados e que ficam nas paredes da coordenação. Ela se trata de algo que não podem mais tirar de nós, já faz parte da nossa essência. Regis Jauffret, escritor francês, descreveria melhor com apenas uma frase: “Estarei sempre lá: a infância é um lugar, não uma época”. Nós fizemos história no Bom Jesus, meus colegas! Uma parte de nós estará sempre lá, naquelas paredes, onde nunca envelheceremos, encarando com satisfação a todos aqueles que ousarem querer estar no nosso lugar. Um belo dia nossos filhos encontrarão as fotografias que guardamos de hoje – e que, por favor, se faça lembrar: primeiro de dezembro de 2010 - e entenderão que são memórias de nossos melhores dias.
Ademais, daqui para frente é conosco. Uma vez que adquirimos maturidade e liberdade para decidir nosso futuro ao longo do ano, também temos a capacidade de fazer nossas escolhas valerem a pena. Não esqueceremos tão cedo o que é ser um fera. Através da minha boca eu deixo que o poeta curitibano Paulo Leminski encerre esse discurso: “isso de querer ser exatamente o que a gente é ainda vai nos levar além”.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Porque eu vou continuar.
Eu vou continuar com cada molécula da minha constituição básica.
Ah, eu vou.
Alguma coisa eu aprendi
Desse teu ímpeto primaveril.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ponderações pra levar a vida

Peguei da depressão a única coisa útil que ela verdadeiramente tranca dentro de você: o silêncio. Silêncio traz calma, autoconhecimento. Quando a boca se cala, o interior tagarela. Da tagarelice interior e autorreflexiva virá o silêncio. A mente desiste e torna a descansar.
Isso tudo porque a depressão é como estar preso em um labirinto com paredes de consistências diversas - macias, pegajosas, lisas -, mas sem nunca a surpresa que não o mero tato do cego que não consegue escapar.
O labirinto é a massa cinzenta do pobre coitado. Desesperado, ele pensa - pensa como se estivesse correndo - e é de pensar que seu labirinto soergue novas paredes, fazendo dele mais perdido e sujeito a armadilhas como nunca. Automutilação, que é o descarrego inconsciente da própria frustração. Autorreflexão, que é como se tudo que interessasse no mundo fôsse apenas seu pensamento ególatra. Autocomiseração, que é isenta de definições. É assim que o indivíduo, em um lento processo que toma horas e dias e meses, vai-se afundando em si mesmo. Vai cegando.
Desse labirinto só se sai de duas formas: morto de si ou quase morto e trapaceando. A primeira dispensa explicações. É um ato solitário de revolta, de não-submissão. A segunda é a mais covarde, é a fuga pelo caminho mais fácil. É como escalar o labirinto e procurar, sobre os muros, alguma luz. Tentar desse jeito nem sempre dá certo, é claro. As luzes sempre têm caráter hedonista e pouco moralista - é assim que os jovens são arrastados para o que se chama de imundície do mundo. Deus não há. Leva um tempo para consertar - isso se for possível - o que vier nessa fase.
Depois de escapar, resta a mera consciência de missão cumprida, de batalha vencida. Quanto à guerra, não se atreve a mensurar...

Obsidiana

Esse desespero lhe caía como uma máscara de obsidiana - pesada e grotesca. Era necessário se desesperar com mais graça, refletiu. Era necessário guiar todos os outros.

Natalino

É Natal na tua terra. Nasce lá tua nova e triste vida; morre aqui tua vivacidade.

Planta do pé

Cruzarei o seu corpo de Norte a Sul com palavras exultantes. Correrei léguas com os lábios, percorrerei vidas diversas em ti com os olhos. Sem nunca, quem sabe, questionar.

Apogeu

quer chegar ao topo, mas não sabe o que quer depois. talvez seja só pela vista.

Desvairada

quero um lugar junto à janela,
onde a alma se permita dançar.

Feedback

Beber minha seiva e retroalimentar meu ser.

19/11

-Morreu de quê?
-Morreu de si.