sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A Corte

No meio da Corte, quem vemos?
Um rei nu e um bobo insano.
O rei pensa que está vestido
E o bobo acha que tem um plano.

Não sabem que o povo faz troça
E sem trégua riem do rei.
O bobo quer enganar com truque:
Em um golpe diz quebrar a Lei.

Quando o rei cai, todos levantam
Ficam ao redor, tampam suas "partes"
Só não é mais ridículo que o louco
Que, ignorado, comete suas artes.

De seu próprio circo, é o palhaço
E manco, cai e faz estardalhaço
Quer que levem a sério sua piada
Mas tropeça com a própria cilada.

A majestade tanto se faz presente,
Mas diz "brioches" a quem não come.
O Eleito, perfeito!, Rei Sol: à guilhotina!
Porque quer brilhar falsamente.

E na tragédia da vida comum
O tipo médio é só mais um:
Não corre à procura de glórias,
Não quer tradição e vitórias.

Carrega consigo a maior responsabilidade
Não conhecida por majestade ou bufão:
No trabalho oculto forja o espírito forte
Que pode, um dia, fazer a revolução.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Athena

Como deve ter custado a Zeus
aquele parto...
A ideia em mim se debate
E no debate morre.

Se contorce e se curva, turva,
Mas a curva é longa.

Como é valiosa
A idéia que sai de ti e cria pernas.
Por ela, abria mesmo a cabeça
com um machado.

Quantos arrepios causa
imaginar uma ideia natimorta!

É como espreitar o precipício vazio
O abismo insondável
Do papel em branco.