No meio da Corte, quem vemos?
Um rei nu e um bobo insano.
O rei pensa que está vestido
E o bobo acha que tem um plano.
Não sabem que o povo faz troça
E sem trégua riem do rei.
O bobo quer enganar com truque:
Em um golpe diz quebrar a Lei.
Quando o rei cai, todos levantam
Ficam ao redor, tampam suas "partes"
Só não é mais ridículo que o louco
Que, ignorado, comete suas artes.
De seu próprio circo, é o palhaço
E manco, cai e faz estardalhaço
Quer que levem a sério sua piada
Mas tropeça com a própria cilada.
A majestade tanto se faz presente,
Mas diz "brioches" a quem não come.
O Eleito, perfeito!, Rei Sol: à guilhotina!
Porque quer brilhar falsamente.
E na tragédia da vida comum
O tipo médio é só mais um:
Não corre à procura de glórias,
Não quer tradição e vitórias.
Carrega consigo a maior responsabilidade
Não conhecida por majestade ou bufão:
No trabalho oculto forja o espírito forte
Que pode, um dia, fazer a revolução.