Estudamos - e há muitos livros entre nós.
Nos conhecemos - e há amigos entre nós.
Nos casamos - e há uma multidão entre nós.
Nos amamos - e nem assim estamos sós:
há carne demais entre nós
E nossas
almas.
Me chamo vento. Sou leve. Beijo seu rosto sem pretensões – e se existem são aéreas. Sou brisa suave entre seus dedos, faço pressão nos seus lábios. Te envolvo a cada passo, desisto de promessas porque não há mais rota... faço a curva em teus ombros. Sim, estou sempre contigo, moldo-me em seus atos, porém permaneço intocável.
Se fechas a mão, esvaneço por entre seus dedos. Abre-a e me terás novamente. Estapeie-me e me recomporei tão rápido quanto se movimentares. Completo suas inseguranças e imperfeições, sustento-te quando achas que ninguém te apóia.
Me chamo vento, sou efêmero. Sou essencial a sua respiração, sou teu ar em movimento. Me chamo vento. Me esquecerás tão depressa quanto se lembrares de mim. E ainda que se esqueça, precisará – e muito –, logo, ainda assim estarei contigo. Me chamo vento e meu mal é ser invisível.