sexta-feira, 6 de maio de 2011

Hiperventilado

Me chamo vento. Sou leve. Beijo seu rosto sem pretensões – e se existem são aéreas. Sou brisa suave entre seus dedos, faço pressão nos seus lábios. Te envolvo a cada passo, desisto de promessas porque não há mais rota... faço a curva em teus ombros. Sim, estou sempre contigo, moldo-me em seus atos, porém permaneço intocável.

Se fechas a mão, esvaneço por entre seus dedos. Abre-a e me terás novamente. Estapeie-me e me recomporei tão rápido quanto se movimentares. Completo suas inseguranças e imperfeições, sustento-te quando achas que ninguém te apóia.

Me chamo vento, sou efêmero. Sou essencial a sua respiração, sou teu ar em movimento. Me chamo vento. Me esquecerás tão depressa quanto se lembrares de mim. E ainda que se esqueça, precisará – e muito –, logo, ainda assim estarei contigo. Me chamo vento e meu mal é ser invisível.

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