segunda-feira, 15 de março de 2010

Expressão Máxima do Surrealismo Pessimista

Nada mais de mim tem sido eu mesma.
Conheço-me por cópias – cópias fielmente espalhadas pelos cantos da sala.
Sinto um arrepio percorrer o corpo como o último respiro do doente no hospital
Toda vez que toco o frio da minha própria mente.

(Erro.
E erro de novo.
Só por hábito.)

E então meu olhar torna a cair até revirar-se para dentro
E o que vejo é apenas o preto – o mesmo preto dos meus dias seguintes.
Abraço-me em uma esperança vã
Com uma tentativa falha
De alcançar qualquer coisa.

(Morro e torno a morrer.
Durmo e torno a morrer.
Morro e torno a dormir.
Durmo e torno a acordar.)

De manhã amanheço,
De tarde tardo,
De noite ardo,
Tal mal que padeço.

(A vergonha de não suportar mais o caos interno
Nem entender que significado pode ter uma risada nesses dias tenebrosos
Me perseguindo em corredores silenciosos e infinitos.)

Sofro com um incômodo direto na nuca
E algo como mãos invisíveis aperta meu pescoço.
Quando acordo, sou eu mesma me enforcando com os lençóis que outrora me cobriam por vontade própria.

(Na rua, vejo pessoas andando de costas.
Na vida, sou eu quem senta na poltrona de costas para a frente do ônibus
E vê tudo passar mais rápido
E só olha pra trás, pouco entendendo.
Fecho os olhos e vejo círculos vermelhos.
É aí que enjôo.
Vomito e naufrago.)

17/10/09.

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