sexta-feira, 14 de maio de 2010

Conhecidos

Aqueles eram meus amigos, meus vizinhos, meus amores, meus irmãos. Eram todos loucos, insanos mesmo. Todas as noites, acolhiam meu perverso estrangeirismo e alguns deles me aceitavam estranhamente para sempre. Meus amantes mordiam a minha carne e gritavam nela a angústia muda dos meus dias, me envolviam com mil braços e derramavam seu pranto.
Sempre soube que tinha vocação para emudecer. Com o meu coração manutenido no grande manicômio dos meus verdadeiros conhecidos, colei os lábios uns nos outros e arranquei para fora a língua. Bem verdade que meus amores conseguiram que eu voltasse a abrir a boca para beijar, mas esta já estava oca.

A verdade é que aos loucos não se nega nada.

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