sábado, 5 de junho de 2010

Máquinas de Café

(Sugiro a leitura do poema com o acompanhamento da música. Faça como quiser.)






(A gasolina tem um odor maravilhoso,
Mas o orgasmo é o café.)




Nossos músculos são de aço
Contra o frio cortante.
Nossas vidas são só um passo
(abismo).

Nossos corações são todos blindados
E bem acabados
E polidos no esmeril.

Nossos modos são aristocráticos
Nossas mãos são tão cheias de anéis
que nos perdemos nos entrelaçares e nas contas,
Nossos olhares tendem ao nihil.

Nossa marcha é constante,
Nosso ritmo é frequente,
Nosso fogo é líquido em mil maneiras diferentes.

Nossas costas são disciplinadas quanto ao peso carregado,
Nosso passo não se perde.
Nossa direção é bem segura perdeu.
E nenhum de nós se

Nossas paixões são vidradas,
Nosso auxílio é a dependência,
Nossa vida é a permanência.
E cada vez que nós pensamos
É porque gostaríamos muito de esquecer.

Estamos recheados de coragem
Porque é assim que é quando não se tem
Mais nada a perder,
Só a vergonha.

Nossos amores são concentrados
E bem focalizados
Assim nunca esqueceremos
Seus rostos.

Quanto ao café que nos move
E nos faz cantar e versar
De face inexpressiva
Com uma batida de mil de nós
e nossos corações metálicos,
É esse o que nos põe em ordem,
De volta aos eixos.
É isso o que nos faz menos infelizes,
Mais criteriosos, mais urbanos...
É essa a poção mágica da verdade.
E assim, nós restaremos:
Os dois pés no chão
E os olhos de mercúrio caídos conosco.
Nós sabemos
que a noite é uma mera convenção.
Nós sabemos
que nascer é traumático: ter vindo ao mundo foi o nosso azar.
E nós pedimos um pouco,
Porque nossa ambição é pequena.
O destino foi lá e nos deu menos,
Então nós sorrisos com um sorriso amarelo e tomamos mais café.
Passou-se um tempo e tiraram de nós o que tínhamos,
Então gritamos e choramos e não nos ouviram, porra.
E assim nós restaremos:
Os dois pés no chão,
O café
E a batida de nossa música preferida ecoando através do chão.
Nós sabemos
que a noite é uma mera convenção
E que nossos cérebros são o motor
que nos leva à morte.

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