sexta-feira, 25 de março de 2011

Cônjuge não é parente

Celebrei um contrato de mãos apertadas
E sorriso estampado.
Era olho-no-olho,
Assinei sem ler.

(Mas era em fonte dez, Times New Roman,
Que o confesso declarava a verdade
Não vinda de outros lábios.)

Quando fui reler o contrato,
Então assinado,
Manipulei aquela gramática escorregadia
Prima facie amorfa e abstrata
Que se adequadava à hermenêutica que vinha por interesse.

Inaudita mea parte,
Gratia argumentandi a grosso modo
,
Estendi as mãos
E perdi os anéis para não perder os dedos,
O orgulho para não perder o amor.

Havia assinado, ora essa!, o contrato mais infame da minha vida.
Um contrato vitalício se de boa-fé,
Bilateral, oneroso e aleatório por definição.
Devia ser paritário, mas as cláusulas já estavam postas!
Aderi esperando que a interpretação me seria favorável, afinal.

Dou-me conta apenas com o representante da Lei
No animus jocandi,
Dizendo: "beije-a! Beije a noiva."

Loucura, vossa Excelência!,
O contrato era matrimonial.

Um comentário:

  1. Se eu achei o mais genial já pode começar a me culpar! Talvez até possa pensar em me internar...
    Legal, legal, legal.

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